Fonte: JOTA
Maior cobertura vacinal
Reverter a diminuição da cobertura vacinal, que prejudicou o desempenho do Programa Nacional de Imunizações (PNI) do país, um dos mais conhecidos mundialmente, é uma das tarefas mais urgentes. As taxas de imunização caíram de forma expressiva e constante a partir de 2016 e hoje há risco de retorno de doenças como pólio e sarampo e casos graves de outras doenças preveníveis com vacina, sem falar na covid-19. O comitê de imunização será fortalecido, Ana Goretti assume o Programa Nacional de Imunizações. Há ainda o retorno do departamento de IST, Aids e Hepatites Virais.
Mutirões
A retomada da realização de procedimentos de saúde rotineiros, como cirurgias, consultas e exames diversos é outra questão prioritária. Trindade afirmou que medidas deverão seguir as necessidades regionais e que soluções serão feitas a partir de uma integração entre serviços públicos e privados.
Farmácia popular
Trindade afirmou que programas que antes passavam por um processo de desconstrução serão retomados. Citou como exemplo o Farmácia Popular, que passará a ser fortalecido e terá estabilidade institucional.
Saúde mental
As taxas de problemas como ansiedade e depressão no Brasil, que já eram altas, ampliaram-se durante a pandemia de covid-19. Um departamento será criado para lidar com o tema.
Complexo industrial da saúde
Para os primeiros meses de governo é prioridade estabelecer conversas entre os atores envolvidos no Complexo Industrial da Saúde. Laboratórios nacionais e estrangeiros podem fazer parcerias que ajudem no desenvolvimento do setor. Também está no radar um maior investimento na área, o que pode gerar ganhos expressivos na economia.
Redução da mortalidade infantil e materna
O retorno de internações por desnutrição infantil provocadas pela fome, a estagnação na trajetória de queda da mortalidade infantil e o aumento de mortes maternas são alguns dos fatores que preocupam o novo governo. O objetivo é reverter o cenário, com o fortalecimento de ações voltadas para a Saúde da Criança e do Adolescente.
PERFIS NOVOS SECRETÁRIOS DA SAÚDE

Carlos Gadelha
Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos
Doutor na área de desenvolvimento econômico pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Gadelha foi vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde do Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz) entre 2007 e 2011 e coordenador do Centro de Estudos Estratégicos da instituição.
O economista também foi secretário de Ciência e Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde na gestão de Alexandre Padilha (PT/SP), e secretário de Desenvolvimento e Competitividade Industrial no Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior (MDIC), entre 2015 e 2016.
Gadelha já declarou que não há política social universal de bem-estar sem uma economia da saúde que lhe dê sustentação. Ele destaca a importância da retomada de uma política de desenvolvimento e inovação, que segundo ele foi criminalizada no país nos últimos anos. “Com a visão do complexo, a gente avança e procura fazer uma superação dialética que articula a economia, a sociedade e a sustentabilidade ambiental”, afirmou.
Complexo Econômico-Industrial da Saúde
O economista lançou recentemente o livro “Saúde é desenvolvimento: o Complexo Econômico-industrial da Saúde (CEIS) como opção estratégica nacional”, em parceria com mais de 20 pesquisadores de 10 instituições. Gadelha e seus colegas defendem na publicação que o CEIS pode contribuir para uma nova economia nacional, bem mais dinâmica, inclusiva e sustentável, responsável por até 10% do PIB, e cerca de 20 milhões de empregos.
Em entrevista, Gadelha destacou que a produção de vacinas é um dos mais importantes desafios para o próximo governo e que caberá ao Estado desenvolver ferramentas que estimulem a produção nacional dos imunizantes e medicamentos. Citou como exemplo Estados Unidos e França, que possuem agências responsáveis por iniciativas de pesquisa.
Para Gadelha, o setor privado deve atuar como parceiro, sem assumir o papel do Estado. “O papel do governo envolve dar garantias ao mercado mobilizando instrumentos de política pública como financiamento, desoneração do consumo e da produção, e com uma regulação que não represente barreiras para produtores locais.”

Helvécio Miranda
Secretaria de Atenção Especializada à Saúde
Helvécio Miranda é graduado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e especialista em Epidemiologia e Clínica Médica pela mesma instituição. O médico também é doutor em Planejamento de Saúde pela Universidade de Campinas (Unicamp). Em 2000, ocupou o cargo de consultor da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Miranda esteve à frente da Secretaria Municipal de Saúde da Prefeitura de Belo Horizonte, entre 2003 e 2008 e foi diretor financeiro, vice-presidente e presidente do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems). A convite do Ministro da Saúde da época, Alexandre Padilha (PT/SP), Miranda assumiu a Secretaria de Atenção à Saúde do órgão.
O médico e o SUS
Em um artigo publicado na revista médica de Minas Gerais (RMMG), Miranda ressaltou que um dos desafios contemporâneos da implementação do Sistema Único de Saúde é a discussão do trabalho médico em todas as suas dimensões.
“Do ponto de vista destes profissionais, via de regra existe uma grande insatisfação com o seu trabalho(…). Um enorme risco profissional pela falta de qualificação técnica e ética e uma gigantesca precarização das relações de trabalho”, disse.
Para o médico, não é possível continuar com o atual modelo de formação médica, na graduação e na pós-graduação, desconhecendo a realidade sanitária do país. “É incoerente com os modelos avançados propostos pelo SUS. Para o generalista verdadeiro, se exige um alto grau de formação ética e técnica e de capacidade de trabalho em equipe multidisciplinar”, afirmou.

Swedenberger Barbosa
Secretaria Executiva
É formado em odontologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e especialista em Saúde Pública pelo Centro de Ensino Unificado de Brasília (Uniceub) e em Saúde Coletiva pela Associação Brasileira de Odontologia (ABO-DF). Barbosa também tem mestrado e doutorado em Ciências da Saúde pela Universidade de Brasília (UnB).
Barbosa foi chefe de gabinete adjunto na Presidência da República entre 2003 e 2012. Foi secretário-chefe da Casa Civil do Governo do Distrito Federal (GDF) entre 2012 e 2014. Entre 2015 e 2016, assumiu a vice-presidência dos Correios (ECT). Barbosa até dezembro era assessor no Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz) em Brasília, além de professor na Escola de Governo (EGF) em cursos de especialização e mestrado.
Bioética
Barbosa ganhou lugar de destaque na Fiocruz, participando de palestras e encontros promovidos pelo órgão.
O dentista também é autor dos livros Bioética em Debate Aqui e Lá Fora e Bioética no Estado Brasileiro, e defende que o tema é essencial para o desenvolvimento de políticas públicas. “Quando tratamos de questões relacionadas ao direito à vida, da dignidade, da erradicação da pobreza, dos avanços biotecnológicos, da democracia e universalização da saúde, todos esses temas envolvem elementos da bioética, a chamada ética da vida aplicada”, afirmou em uma entrevista concedida a um canal de Youtube.

Nésio Fernandes
Secretaria de Atenção à Saúde
O sanitarista é graduado em medicina pela Escola Latino-americana de Medicina, de Cuba, com diploma revalidado no Brasil pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Especialista em Medicina Preventiva e Social e em Administração em Saúde, certificado pela Associação Médica Brasileira e Associação Brasileira de Medicina Preventiva e Administração em Saúde. Fernandes já exerceu os cargos de presidente da Fundação Escola de Saúde Pública de Palmas (TO), foi secretário municipal da Saúde da mesma cidade e integrou o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) como membro de Câmaras Técnicas e Grupos de Trabalho. Foi secretário de Estado da Saúde do Governo do Espírito Santo e presidente do Conselho Nacional de Secretários de Estado da Saúde (Conass).
Durante sua gestão na Secretaria Municipal de Saúde de Palmas, foi reconhecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) pelas ações tomadas no combate à hanseníase.
Pandemia
Fernandes destacou-se durante a pandemia de Covid-19 por suas críticas à omissão do governo quanto a ações de combate à enfermidade. “A Presidência deslegitimou as medidas necessárias adotadas por prefeitos e governadores, combateu e mobilizou bases políticas e sociais para poder politizar e polarizar essas medidas de modo que a gente não conseguiu ter a coesão de toda a população naquilo que poderia preservá-la dos riscos de infecção, de internação e de óbito”, disse em entrevista recente.

Isabela Pinto
Secretaria de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde
Isabela Pinto é graduada em Serviço Social pela Universidade Católica de Salvador (UCSAL), e é mestre em Saúde Coletiva e doutora em Administração pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Atualmente, é diretora e professora Associada do Instituto de Saúde Coletiva da UFBA e coordenadora do GT Trabalho e Educação na Saúde da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco).
A pesquisadora tem experiência na área de políticas sociais em saúde e foi superintendente em Recursos Humanos na Secretaria de Saúde do Estado da Bahia, entre 2007 e 2009. A especialista já manifestou sua preocupação com a saúde de grupos minoritários e prejudicados pela desigualdade social, como a população negra, além de uma maior valorização do SUS.

Ethel Maciel
Secretaria de Vigilância em Saúde
Enfermeira pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Maciel é mestre em Enfermagem de Saúde Pública pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e doutora em Saúde Coletiva pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Maciel tem pós-doutorado em Epidemiologia pela Johns Hopkins University, nos Estados Unidos. Foi membro da Comissão de Avaliação de Programas de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da CAPES e coordenou o Centro de Pesquisa Clínica no Hospital Universitário da UFES, ligado ao Núcleo de
Doenças Infecciosas.
É professora titular da UFES, presidente da Rede Brasileira de Pesquisas em Tuberculose (REDE-TB), membro da Comissão de Epidemiologia da Abrasco e do Grupo Técnico Assessor da Organização Mundial de Saúde (OMS) para Tuberculose. Maciel também é conhecida pelo seu papel na divulgação da ciência e no combate a desinformação, temas abordados com frequência em sua coluna, publicada no jornal A Gazeta.
Ativa em redes sociais, Maciel criticou de forma veemente o governo e a gestão da saúde durante o período da pandemia de covid-19. A pesquisadora também ressalta constantemente a importância de aprimorar serviços de atendimento público, principalmente a vacinação.
Mulher na ciência
Recentemente, Maciel publicou o livro “Mulher na ciência”, em que conta sua trajetória como pesquisadora, com destaque aos desafios enfrentados por ela durante o surgimento do novo coronavírus. “A ideia é expressar essa luta que nós, mulheres, temos que enfrentar todos os dias pelo nosso espaço. Isso acontece em todas as áreas, e na ciência não é diferente, pois é um espaço muito masculino e inóspito para mulheres, bastante competitivo”, detalhou a
autora em uma entrevista.

Ana Estela Haddad
Secretaria de Saúde Digital
Ana Estela Haddad é formada em odontologia pela Universidade de São Paulo (USP), mestre e especialista em odontopediatria pela mesma instituição. É docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Ciências Odontológicas da Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico da Odontologia (Fundecto-Fousp) e coordenadora-adjunta do Núcleo de Apoio à Políticas Públicas Escola da Metrópole, pertencente à Universidade.
Haddad foi assessora do Ministro da Educação entre 2003 e 2004, e uma das idealizadoras do Programa Universidade para Todos. A especialista também trabalhou no desenvolvimento do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes) e da Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior (Conaes). No Ministério da Saúde, foi diretora de Gestão da Educação na Saúde da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES), entre 2005 e 2010.
Haddad também tem experiência e conhecimento na área de telessaúde, pois atua como coordenadora do Núcleo de Telessaúde e Teleodontologia da Faculdade de Odontologia da USP e é diretora científica da Associação Brasileira de Medicina de Telemedicina e Telessaúde.
Primeira infância
A professora também é conhecida pelo trabalho exercido como coordenadora do programa São Paulo Carinhosa, com foco na Primeira Infância, durante a gestão de seu marido, Fernando Haddad, como prefeito da cidade. “Há um sábio pensamento africano que diz mais ou menos o seguinte: ‘Para educar uma criança é preciso uma aldeia inteira’, ou seja, é preciso a mobilização de toda uma sociedade. Direitos trabalhistas para a mãe, a proteção social para que possa oferecer o melhor ao seu bebê e o melhor para o seu bebê será o melhor para nós como sociedade”, declarou em uma entrevista ao site oficial do PT.
A dentista também é uma das representantes do Brasil na Rede de Líderes pela Primeira Infância, uma rede latina composta por 28 países. Haddad convidada pela ex-presidente do Chile, Michelle Bachelet.

Weibe Tapeba
Secretaria Especial de Saúde Indígena
Nascido na Aldeia dos Tapebas, o secretário é militante na causa indígena desde os 14 anos. Tapeba se formou em Direito e se tornou o primeiro advogado do movimento indigenista do Ceará. Para exercer o cargo, ele se licencia do mandato de vereador em Caucaia (CE) pelo PT.
O secretário também atuou como assistente técnico e coordenador regional substituto da Coordenação Regional Nordeste 2 (Funai), na qual auxiliou povos indígenas no Ceará, Rio Grande do Norte, Piauí e na Paraíba.
Atualmente, Tapeba faz parte da Coordenação das Organizações e Povos Indígenas do Ceará e também é um dos integrantes do Conselho Nacional de Políticas Indigenistas (CNPI). Tapeba conta que desejou atuar dentro da área de saúde devido a influência de sua família. “Minha mãe é agente de saúde e desde pequeno eu acompanho essa luta”, disse em entrevista ao jornal O Povo.

Marcia Motta
Chefia de gabinete
Motta é psicóloga pela Universidade Federal do Pará (UFPA) e mestre em Saúde Coletiva pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Servidora desde 1984 do Ministério da Saúde, ela já atuou como gerente-geral do Departamento Nacional do programa de DST/AIDS e integrou o Departamento de Ciência e Tecnologia da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos (Decit/SCTIE).
Motta foi membro e Coordenadora- Adjunta da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP). Até dezembro, Motta atuava na unidade regional de Brasília da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), onde realizava atividades de gestão e de pesquisa junto à Direção e à Coordenação de Programas e Projetos da Unidade (CPP).