Estudos

Novas descobertas sobre a inflamação na Doença de Alzheimer

Fonte: EurekAlerts

A inflamação no cérebro, embora seja uma parte crucial da resposta imunológica do corpo, assume um papel prejudicial na Doença de Alzheimer. Diferentemente da inflamação aguda e de curta duração que combate infecções, a inflamação associada ao Alzheimer se torna crônica e persistente. Cientistas têm tentado entender por que isso acontece. Uma nova pesquisa realizada na Universidade de Cambridge, no Reino Unido, revela diferenças importantes sobre como o sistema imunológico do cérebro responde à doença em comparação com uma infecção bacteriana.

O estudo foca em como as células imunológicas reagem às placas de amiloide-beta (Aβ), um marco da Doença de Alzheimer, e como essa resposta imunológica difere da reação a toxinas bacterianas. “As bactérias não podem entrar no nosso cérebro por causa da barreira hematoencefálica”, disse Arpan Dey, PhD, associado pós-doutoral no laboratório do Professor David Klenerman na Universidade de Cambridge, no Reino Unido. “Mas proteínas pequenas poderiam estar agindo como bactérias em nosso cérebro e dando origem à neuroinflamação, o que poderia contribuir para a demência”, acrescentou.

Dey e seus colegas utilizaram um sistema modelo de células imunológicas e expuseram as células a agregados de Aβ ou lipopolissacarídeo (LPS), um componente das paredes celulares bacterianas que desencadeia uma forte resposta imunológica. Focaram na formação de estruturas chamadas mirossomos, que são cruciais para iniciar a inflamação.

A equipe descobriu que agregados maiores de Aβ desencadeiam mais formação de mirossomos nas células imunológicas. Agregados menores de Aβ, mesmo após exposição prolongada, não conseguiram desencadear essa resposta. Isso sugere que o tamanho do agregado de Aβ é crucial para ativar o sistema imunológico na Doença de Alzheimer.

Em contraste, o LPS desencadeou uma resposta de mirossomos muito mais rápida e forte do que até mesmo os grandes agregados de Aβ. Essa diferença no tempo e na intensidade pode explicar por que a inflamação na Doença de Alzheimer é crônica e prolongada, enquanto a resposta a uma infecção bacteriana costuma ser mais aguda e resolve-se mais rapidamente.

“Nossas descobertas revelam uma distinção crucial sobre como o sistema imunológico do cérebro reage a uma infecção bacteriana em comparação com agregados de Aβ”, disse Dey. “A ativação imunológica mais lenta e sustentada pelos grandes agregados de Aβ pode contribuir para a inflamação crônica observada na Doença de Alzheimer.”

O próximo passo da equipe é começar a analisar marcadores de mirossomos em amostras de sangue de pessoas com demência e amostras cerebrais do UK Brain Bank.

Ao entender os mecanismos que impulsionam a inflamação na Doença de Alzheimer, eles esperam contribuir para o desenvolvimento de novas terapias que possam abordar especificamente a inflamação crônica associada à doença, potencialmente desacelerando sua progressão.

“Este trabalho abre novas possibilidades para a descoberta de medicamentos”, disse Dey. Ele acrescentou: “Ao entender e direcionar as vias envolvidas na resposta inflamatória, podemos ser capazes de desenvolver tratamentos para Alzheimer e outras doenças neurodegenerativas.”