Fonte: Redação
“Os gastos com saúde são baixos no Brasil, pois temos uma política pública tímida e incipiente. Mas as famílias destinam uma parte importante de seu orçamento doméstico a medicamentos. Isso é perverso.” A afirmação é da Dra. Lígia Bahia, especialista em saúde pública e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Em entrevista à NuOn Health, ela comentou os desafios do acesso à saúde, com atenção especial ao acesso a medicamentos, que podem beneficiar pacientes desde o diagnóstico.
Um recente levantamento realizado com as 38 nações da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) revela que o gasto com medicamento no Brasil é baixo, de apenas US$ 123 por pessoal anualmente, valor que coloca o país em 32º lugar no ranking. Os Estados Unidos, líder global neste quesito, registra o gasto anual de US$ 1.229 por pessoal.
“O medicamento é um dos itens que compõe o gasto com saúde. Temos um volume baixo no Brasil, assim como é baixo o gasto per capita com os diversos itens”, aponta a especialista. Isso gera um ciclo prejudicial à população brasileira, com prejuízos em toda a sua jornada.
Entre as origens da questão, a Dra. Lígia aponta a política pública para acesso à medicamentos no Brasil. “O SUS compra medicamentos, existe uma lista (das terapias obrigatórias) e provimento obrigatório das terapias de alto custo, como os tratamentos oncológicos. Mas a realidade é que faltam medicamentos”, afirma ela.
No país, cerca de 75% da população depende totalmente do SUS para ter acesso à saúde. Os demais possuem planos de saúde. Neste grupo, o acesso a tratamentos aumentou quase 100% nos últimos cinco anos, segundo dados da Interfarma (Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa), enquanto no SUS a alta foi de 31% no mesmo período.
“Temos dois problemas. O do financiamento da saúde, que é baixo, mas também o da alocação dos gastos. Temos mais gastos em estados e municípios que arrecadam mais, justamente nos quais a população tem maior renda”, destaca a especialista, ao comentar que o Brasil é um país imenso e desigual.
Veja a entrevista abaixo.