Fonte: Redação
O Fórum Brasileiro sobre Sistemas de Saúde e Modelos de Pagamento Baseados em Valor, organizado pela NuOn Health, Sociedade Brasileira de Medicina Farmacêutica (SMBF) e consultoria Science&Strategy, foi o primeiro de uma série de eventos que serão promovidos com o intuito de gerar debates, reflexões e propostas que contribuam para a saúde avançar em um tema central para a sustentabilidade do setor: os Modelos de Pagamento Baseados em Valor (MPBV).
O encontro, realizado em São Paulo, em 28 de agosto, reuniu cerca de 170 participantes e 22 palestrantes, entre os mais renomados especialistas da área, que, em cinco painéis temáticos, contribuíram com sua expertise para estimular o diálogo sobre esta questão que se tornou crucial diante dos desafios que o setor tem enfrentado, especialmente a saúde suplementar.
Como contraponto, os debates realizados nos cinco painéis transcorreram tendo como pano de fundo um cenário consensual, no qual conjugam-se dois grandes desafios para a Saúde: o envelhecimento da população – com aumento da prevalência de doenças crônicas e impacto crescente na elevação dos custos da assistência – e a fragilidade da situação financeira da saúde suplementar.
Os participantes deixaram claro que a crise nos planos e operadoras de saúde tem se tornado mais aguda nos últimos tempos, gerando atrasos de pagamentos e dívidas milionárias – situação que tem afetado toda a cadeia da saúde e que começa a impactar o desempenho de fabricantes, hospitais, distribuidores e todo tipo de fornecedores. Ou seja, trata-se de uma crise sistêmica.
Dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) dão contornos mais definidos ao problema, revelando que o segmento fechou o primeiro semestre de 2023 com resultado operacional negativo de R$ 4,3 bilhões e 88% das receitas advindas das mensalidades consumidas na operação.
A necessidade de encontrar soluções conjuntas e urgentes para reverter esta crise dividiu espaço nos debates com temas como os avanços da ciência, a falta de dados e parâmetros para mensurar valor, e questões ligadas à eficiência, qualidade dos serviços e redução dos desperdícios.
Os painéis demonstraram também que as divergências existentes entre os players – e que têm retardado a viabilização de uma saúde baseada em valor – convivem com objetivos convergentes, que podem ser um bom ponto de partida para aprofundar o diálogo: garantir acesso e cuidado de qualidade ao paciente e, ao mesmo tempo, assegurar a sustentabilidade dos sistemas de saúde.
É nesse contexto que a mudança do sistema de pagamentos e a adoção do MPBV se apresentam como outra unanimidade: todos concordam que o predomínio do atual sistema de reembolso, o fee for service, que remunera por serviço prestado, precisa ser revisto. E que, mais do que nunca é importante que os stakeholders coloquem suas diferenças de lado e invistam na colaboração.
Vale lembrar que a implantação de um novo modelo de pagamento é uma tarefa complexa, discutida há vários anos, com poucos avanços e muitos desafios. As principais barreiras que emergiram dos painéis de debates podem ser agrupadas em três tópicos principais:
• Falta de diálogo e transparência entre os players
• Falta de dados e evidências científicas para embasar as conversas
• Falta de entendimento sobre “desfecho” na atenção à saúde e de indicadores comuns para mensurar “valor”.
A partir deste diagnóstico, surgiram inúmeras propostas para alavancar a discussão e promover avanço real na transição para um novo modelo de reembolso e para uma saúde baseada em valor.
Leia as propostas no White Paper sobre o evento.