Medicina

Como foi o 1º autotransplante de pulmão com câncer no Brasil?

Fonte: O Globo

O Brasil teve recentemente a realização do seu primeiro autotransplante de pulmão em um paciente com câncer metastático. O procedimento foi feito na unidade de Itaim do hospital São Luiz, da Rede D’Or, na capital de São Paulo.

A cirurgia leva esse nome pois o órgão é retirado do corpo, operado e então reimplantado no mesmo paciente, de modo a evitar a necessidade de um pulmão novo de um doador.

O autotransplante passou a ser considerado para o caso paulista depois que as alternativas padrão de tratamento para o paciente não estavam mais tendo efeito, explicou o cirurgião torácico responsável, Marcos Samano, único médico no Brasil a ter feito o procedimento.

“O quadro do paciente já não respondia mais às opções de tratamentos convencionais. Discutimos o caso com a equipe médica e o paciente, e decidimos pelo autotransplante de pulmão. O procedimento durou cerca de 10 horas e foi um sucesso”, diz em comunicado.

O termo autotransplante é utilizado quando a cirurgia envolve a retirada de algum tecido, órgão, osso ou outro material que depois é reimplantado no próprio paciente.

Um exemplo comum é quando se remove um pedaço de osso de algum local para reconstruir outra parte que sofreu alguma lesão irreparável. Porém, até então nunca havia sido feito no país para um pulmão.

Já o transplante de órgãos mais comum, que envolve um doador secundário que cede o material para o paciente, é chamado oficialmente de alotransplante, por envolver dois seres humanos.

Recentemente, têm crescido os estudos com os xenotransplantes, que utilizam órgãos de outras espécies, como os geneticamente modificados de porcos.

Autotransplante de pulmão
O procedimento realizado na capital paulista, um autotransplante de pulmão, é uma alternativa inovadora para determinados pacientes. O objetivo é evitar a necessidade de um novo órgão de um doador, o que pode causar rejeição e oferecer mais riscos ao paciente.

No caso de São Paulo, ele envolveu a retirada do pulmão do corpo para que as lesões do câncer fossem removidas cirurgicamente. Posteriormente, foi feito o reimplante com o órgão sem o tumor.

O indivíduo inicialmente tinha um câncer na perna, que evoluiu para uma metástase. O quadro grave ocorre quando as células cancerígenas caem na corrente sanguínea e chegam a outros órgãos.

Ele passou por seis anos de tratamento com quimioterapia e ablação por radiofrequência. Embora no lado esquerdo do pulmão as lesões tenham melhorado, no direito elas cresceram.

O caso geralmente seria considerado inoperável, diz Samano, devido à técnica do autotransplante para esses pacientes ser nova e ainda haver pouco conhecimento sobre ela entre os profissionais no país.

“Trata-se de uma cirurgia altamente complexa, que exige uma equipe multidisciplinar para acompanhar o paciente. Além é claro, de toda uma estrutura física de aparelhos de última tecnologia para receber este órgão, e mantê-lo em condições de conservação. Com isso temos tempo hábil para retirar o tumor e em seguida devolver o órgão para o corpo”, explica.

Após o procedimento, o paciente permaneceu em observação na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mas em menos de 24 horas já conseguia respirar sem a ajuda de aparelhos. Ele recebeu alta depois de 12 dias, e a cirurgia foi considerada um sucesso.

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