Pharma

Roubo de carga de medicamentos: perdas de R$ 283 mi

Fonte: Abradimex

O roubo de cargas de medicamentos impactou, no ano passado, mercadorias avaliadas em R$ 283 milhões. O cenário acende o sinal de alerta e força uma crescente pressão de custos no setor farmacêutico, conforme apontam dois estudos encomendados pela ABRADIMEX – Associação Brasileira dos Distribuidores de Medicamentos Especializados, Excepcionais e Hospitalares.

A entidade reúne as 15 maiores distribuidoras especializadas do país, que respondem por quase 75% das vendas de remédios de alta complexidade para hospitais, clínicas, operadoras de planos de saúde e instituições ambulatoriais. Os relatórios foram produzidos pela consultoria Deloitte e pela Overhaul, plataforma global de gerenciamento e prevenção de riscos em transporte.

Embora representem apenas 2% das cargas roubadas no Brasil, os produtos farmacêuticos – boa parte deles sujeitos a controles de temperatura – caracterizam-se pelo alto valor agregado, facilidade para revenda e dificuldade de rastreamento. E para 52% dos especialistas em risco consultados pela Deloitte, a tendência é de avanço no número de casos em 2025.

Para mitigar perdas e danos decorrentes dessas ações criminosas, 100% das distribuidoras ampliaram investimentos em segurança, incluindo a adoção de veículos blindados, escolta e soluções de tecnologia como câmeras e blindagem elétrica nos baús.

“As empresas ainda arcam com a elevação do frete de 5% a 10% em zonas de risco e com o encarecimento do seguro, cujos valores até duplicaram em algumas distribuidoras”, informa Paulo Maia, presidente executivo da ABRADIMEX.

Segurança nas distribuidoras de medicamentos em 2024

(aumento dos investimentos das empresas em % nos últimos dois anos)

  • 50% das empresas      |     até 20%
  • 33% das empresas      |     20% – 40%
  • 17% das empresas      |    40% – 60%

Fontes: Deloitte/ABRADIMEX

Perfil do roubo de cargas de medicamentos

De acordo com os indicadores da Overhaul, os estados do Rio de Janeiro e São Paulo concentraram mais de 77% dos roubos de carga notificados pelas distribuidoras, seguidos respectivamente por Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Paraná. Do total de ocorrências, 86% decorreram de ações dos bandidos em rodovias e vias urbanas.

Estados com maior ocorrência de roubo de cargas (em %)

  • Rio de Janeiro                            40,9
  • São Paulo                                 36,4
  • Rio Grande do Sul                        4,5
  • Minas Gerais                              4,5
  • Paraná                                     4,5

Fontes: Overhaul/ABRADIMEX

Roubos em vias urbanas

Na análise dos roubos em vias urbanas, a liderança do Rio de Janeiro torna-se ainda mais expressiva – 56%, contra 28% de São Paulo. Já o estado paulista é palco de 47% dos crimes do gênero nas estradas. A Avenida Brasil, rodovia metropolitana fluminense, é considerada o local de maior periculosidade, com 14,3% dos casos. Na sequência aparece a Rodovia Anhanguera (10,7%).

“Considerando as distribuidoras que integram a ABRADIMEX, realizamos em torno de 10 milhões de entregas mensais e abastecemos 80% dos hospitais privados e 61% das clínicas no Brasil. Esses números ratificam o papel fundamental desses agentes para viabilizar o acesso da população a tratamentos de doenças raras e de alta complexidade, o que é seriamente comprometido pelo crime organizado”, adverte Maia.

Dias e horários mais visados

A pesquisa apontou também os períodos mais visados pelos criminosos para a prática dos roubos. Mais de 60% dos episódios aconteceram às terças ou quartas-feiras, majoritariamente no intervalo entre 6 e 18h.

Dias mais visados para roubo de cargas (em % de ocorrências)

Quarta-feira                      34%

Terça-feira                        27%

Sexta-feira                        16%

Quinta-feira                        9%

Domingo                             9%

Segunda-feira                     3%

Sábado                              2%

Fontes: Overhaul/ABRADIMEX

Horários mais visados para roubo de cargas (em % de ocorrências)

6 às 12h                 43%

12 às 18h               36%

0 às 6h                 14%

18 às 24h                 7%

Fontes: Overhaul/ABRADIMEX