Fonte: Redação
O modelo tradicional de pesquisa e desenvolvimento (P&D) farmacêutico, baseado em estruturas isoladas de inovação, vem mostrando limitações diante da crescente complexidade dos desafios biomédicos modernos. Diante desse cenário, abordagens colaborativas ganham força, apostando na co-criação como estratégia para acelerar a descoberta de novos medicamentos.
Christian Tidona, empreendedor em biotecnologia, investidor-anjo e fundador do Instituto BioMed X, sediado em Heidelberg, Alemanha, defende que o futuro da inovação farmacêutica passa necessariamente pela união de esforços entre especialistas de diferentes áreas. Segundo Tidona, a combinação de conhecimento em oncologia, imunologia, neurociência, tecnologias de plataforma e inteligência artificial tem potencial para ampliar a capacidade de inovação, ultrapassando o que iniciativas isoladas poderiam alcançar.
Além de promover a colaboração científica, o modelo proposto permite que empresas farmacêuticas externalizem projetos de pesquisa exploratória considerados de alto risco. Nesse formato, companhias parceiras acompanham todo o desenvolvimento, do conceito inicial à entrega dos resultados, mantendo a propriedade intelectual sobre as descobertas e reduzindo a exposição a riscos financeiros e operacionais.
O modelo vem sendo testado em seu instituto com cases promissores. Um dos pilares, segundo Tidona, é a formação de equipes multidisciplinares. Para isso, ele criou um programa batizado de Career Space, que atrai jovens cientistas de diferentes países. Após um processo seletivo rigoroso, os pesquisadores se mudam para os laboratórios em Heidelberg ou New Haven, nos Estados Unidos, e passam a integrar projetos que buscam soluções inovadoras para desafios como câncer, distúrbios psiquiátricos e doenças autoimunes.
A estratégia de reunir talentos diversos em ambientes de laboratório abertos tem se mostrado eficaz para estimular a criatividade e gerar descobertas que cruzam fronteiras científicas tradicionais. De acordo com o Instituto, as publicações e resultados obtidos por essas equipes evidenciam que diversidade e colaboração são fatores centrais para impulsionar a inovação biomédica.
À medida que novas tendências do setor são discutidas em eventos do setor, o modelo de inovação aberta defendido por Tidona aponta para uma transformação na forma como a indústria de saúde encara o desenvolvimento de novas terapias — cada vez mais baseada em redes colaborativas e globais de conhecimento.