Estudos

Descoberta nova classe de anticorpos contra a malária

Fonte: EurekAlerts

Uma nova classe de anticorpos contra malária pode levar a novos métodos de prevenção, segundo estudo da NIH, agência dos Estados Unidos responsável por pesquisas biomédicas e na área da saúde. A descoberta foi recentemente publicada na revista Science. O anticorpo dessa nova classe é mais potente e demonstrou oferecer proteção contra os parasitas da malária em modelo animal. Os pesquisadores afirmam que os anticorpos são particularmente promissores porque se ligam a regiões do parasita que não estão previstas nas vacinas atuais contra a doença.

A malária é uma doença potencialmente fatal, causada pelos parasitas Plasmodium, transmitidos pela picada de mosquitos infectados. Embora a malária não seja comum nos Estados Unidos, seu impacto global é devastador, com 263 milhões de casos e 597 mil mortes estimadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2023. Das cinco espécies de Plasmodium que causam a malária, Plasmodium falciparum é a mais comum nos países africanos, onde o fardo da malária é maior e onde as crianças pequenas representam a maior parte das mortes. Medidas de prevenção seguras e eficazes são essenciais para reduzir o enorme impacto da doença.

Nos últimos anos, novas intervenções contra a malária foram desenvolvidas, incluindo vacinas pediátricas. Anticorpos monoclonais anti-malária (mAbs) são outra ferramenta promissora, que demonstrou ser segura e eficaz contra a infecção por P. falciparum em adultos e crianças em ensaios clínicos iniciais. Os mAbs anti-malária avaliados em ensaios em regiões endêmicas visam o esporozoíto de P. falciparum — a fase do parasita que é transmitida dos mosquitos para as pessoas. Ao se ligar e neutralizar o esporozoíto, os mAbs impedem que os esporozoítos infectem o fígado, onde se desenvolvem em parasitas de fase sanguínea que infectam as células do sangue e causam a doença.

Os mAbs anti-malária mais promissores testados em humanos até hoje se ligam a uma proteína na superfície do esporozoíto chamada proteína circumsporozoíto (PfCSP), em locais próximos ou que contenham repetições de aminoácidos em uma região chamada central de repetição. Essa parte do PfCSP está prevista em duas vacinas contra a malária disponíveis. Os pesquisadores deste estudo buscaram mAbs que visassem novos locais na superfície do esporozoíto.

Liderado por cientistas do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (NIAID) do NIH, a equipe de pesquisa utilizou uma abordagem inovadora para encontrar novas porções—ou epitopos—na superfície do esporozoíto onde os anticorpos se ligam. Eles isolaram mAbs humanos produzidos em resposta a esporozoítos inteiros, em vez de partes específicas do parasita, e depois testaram os mAbs para verificar se poderiam neutralizar os esporozoítos em um modelo de malária em camundongos. Um mAb, chamado MAD21-101, foi encontrado como o mais potente, oferecendo proteção contra a infecção por P. falciparum em camundongos.

Esse novo mAb se liga a um epítopo no PfCSP fora da região central de repetição. Notavelmente, o epítopo, chamado pGlu-CSP, só se torna exposto após uma etapa específica no desenvolvimento do esporozoíto, mas é amplamente acessível na superfície do esporozoíto—um cenário que os pesquisadores afirmam poder significar que o pGlu-CSP seria eficaz em gerar uma resposta imunológica protetora, se usado em uma vacina.

Como o pGlu-CSP não está previsto nas vacinas atuais contra a malária, os mAbs direcionados a esse epítopo provavelmente não interfeririam na eficácia dessas vacinas, caso elas e os mAbs sejam administrados simultaneamente. De acordo com os cientistas, isso pode representar uma vantagem, pois essa nova classe de anticorpos pode ser adequada para prevenir a malária em bebês em risco, que ainda não receberam uma vacina contra a malária, mas que podem recebê-la no futuro.

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