Fonte: EurekAlerts
O papilomavírus humano (HPV) é mais frequentemente associado ao risco de câncer cervical e às mulheres. Mas, na realidade, o vírus é mais comum em homens e está associado ao aumento das taxas de outros tipos de câncer, que afetam diretamente os homens. Para investigar mitos e verdades do conhecimento popular sobre o patógeno e, assim, criar estratégias de awareness mais direcionadas e eficientes, a Ohio State University Comprehensive Cancer Center – Arthur G. James Cancer Hospital and Richard J. Solove Research Institute (OSUCCC) realizou uma ampla pesquisa e constatou essa entre outras percepções equivocadas.
Os resultados da pesquisa foram claros: a maioria dos entrevistados sabia pouco sobre o HPV e seu risco de câncer a longo prazo, e tinha percepções erradas sobre como a infecção é transmitida. Essa falta de conhecimento, diz Electra Paskett, PhD, pesquisadora de controle do câncer no OSUCCC, deixa muitas pessoas em risco desnecessário de cânceres evitáveis.
“Temos uma vacina que demonstrou reduzir o risco de infecção por HPV em até 90%”, disse Paskett. “Esta é uma ferramenta poderosa para a prevenção do câncer que só está disponível para nós nas últimas décadas, e estamos vendo o impacto dessas vacinas agora por meio dos dados científicos.”
Mitos sobre o HPV
Para esta pesquisa, os entrevistados foram questionados sobre se concordavam ou discordavam de algumas afirmações básicas sobre o HPV, a fim de avaliar o conhecimento público. Os resultados mostraram que muitas pessoas pensam que esta é uma infecção que afeta mais as mulheres do que os homens.
“Isso é preocupante porque mais homens são infectados por HPV do que mulheres, e eles podem transmiti-lo para seus parceiros”, disse Paskett, que também atua professora na Faculdade de Medicina da Ohio State University.
Resultados específicos da pesquisa incluem:
- Quase metade dos entrevistados (45%) não sabia se o HPV estava ligado a cânceres além do cervical. FATO: É o principal fator de risco para o câncer cervical, mas também está ligado ao aumento das taxas de cânceres que afetam as amígdalas, a base da língua, a garganta, o pescoço, o esôfago, o ânus e os órgãos genitais.
- 42% acreditavam que o HPV era mais comum em mulheres. FATO: O HPV é mais comum em homens, mas as pessoas erroneamente pensam que o HPV afeta apenas as mulheres.
- 40% acreditavam que, se você fosse infectado com o HPV, teria sintomas. FATO: Muitos não apresentam sintomas até que já tenham câncer.
Poder da prevenção
Paskett observou que, embora a vacina contra o HPV seja recomendada entre nove e 12 anos para máxima eficácia (antes da possível exposição ao HPV), ela agora está disponível para adultos até os 45 anos.
Embora a vacina esteja disponível desde 2006, a falta de conscientização de que ela pode prevenir o câncer mais tarde na vida tem retardado o progresso na prevenção desses cânceres. O CDC estima que a vacinação oportuna contra o HPV poderia prevenir 90% dos cânceres cervicais, e apenas cerca de metade (56,9%) das crianças que são qualificadas para a vacina a receberam. Entre elas, mais meninas e mulheres estão sendo vacinadas do que meninos e homens.
Câncer orofaríngeo (amígdalas e base da língua)
Atualmente, cerca de 42 milhões de pessoas estão infectadas com o HPV, e a maioria dos americanos (98%) já foi exposta ao vírus. Ele se espalha por contato sexual (saliva ou fluídos ejaculadores) e pode ser transmitido durante o parto.
Se o sistema imunológico não consegue eliminar o vírus, as células podem se transformar em câncer.
Matthew Old, MD, cirurgião de cabeça e pescoço no OSUCCC, cita preocupações sobre o aumento rápido das taxas de câncer orofaríngeo (amígdalas e base da língua) relacionados ao HPV, observando que, se essa tendência continuar, esses tipos de câncer podem rapidamente se tornar um dos mais comuns entre adultos de 45 a 65 anos.
Estimativas recentes sugerem que o câncer orofaríngeo pode se tornar um dos três cânceres mais comuns entre homens de meia-idade nos Estados Unidos até 2045, e a forma mais comum de câncer entre homens idosos nos próximos 10 anos.
“Pode levar anos ou até décadas para que as mudanças genéticas causadas pelo HPV surjam e se transformem em câncer”, disse Old. “Uma vez exposto, atualmente não há tratamentos para infecções por HPV, e muitos daqueles que não são vacinados carregam e espalham inadvertidamente cepas de alto risco do vírus. É por isso que a vacinação é tão importante.”