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Investimentos em startups de saúde crescem 37,6% na América Latina

Fonte: Valor Econômico

Os investimentos em startups de saúde na América Latina registraram aumento de 37,6% em 2024, após dois anos consecutivos de quedas. O Brasil, que concentra 64,8% das startups do setor na região, teve quatro das cinco maiores rodadas de investimentos do ano. Os dados são do HealthTech Recap 2024, relatório lançado pelo Distrito em parceria com a Associação Brasileira de Startups de Saúde e HealthTechs (ABSS).

O setor teve menos rodadas de investimentos no ano passado. Ao todo, foram 56 aportes, contra os 71 de 2023. Apesar disso, o valor total investido na região subiu de US$ 184,3 milhões em 2023 para US$ 253,7 milhões. O valor havia sido de US$ 312,4 milhões em 2022 e de US$ 539,3 milhões em 2021.

“O aumento do volume investido foi puxado pela realização de rodadas em startups mais maduras, já com produtos prontos e com modelo de negócios validados. Estas rodadas costumam ter um tamanho maior, pois o investimento é utilizado para escalar a empresa rapidamente, incluindo a expansão para novas localidades”, disse Guilherme Sakajiri, diretor-executivo da ABSS e fundador da startup Comsentimento.

Entre 2014 e 2024, por exemplo, investimentos em startups de série A e B representaram apenas 14% do número de rodadas de investimento, mas responderam por 50% do volume de capital investido, informam a ABSS e o hub de inovação Distrito, em comunicado.

“Essa evolução demonstra que investidores estão cada vez mais seletivos, valorizando empresas capazes de mostrar resultados concretos e escalabilidade”, afirma Gustavo Gierun, CEO e cofundador do Distrito, no comunicado. O mercado de venture capital, diz ele, mantém sinais de recuperação, o que beneficia o setor.

As empresas mais iniciais, em estágio anjo, pré-seed ou seed, representaram 85% do número de rodadas feitas entre 2014 e 2024, mas responderam por apenas 25% do valor investido no período.

Sakajiri explica que o investimento em startups segue uma lógica de funil, no qual em estágios iniciais existe uma grande quantidade de empresas que recebem investimentos menores, para testar ideias, demonstrar atratividade do produto e capacidade de entrega.

Na América Latina, por exemplo, de 2014 a 2024, o tíquete médio de investimentos teve progressão clara, sendo de US$ 0,2 milhão para anjo, de US$ 0,4 milhão para pré-seed, de US$ 1,5 milhão para seed, de US$ 7,4 milhões para série A, de US$ 14,9 milhões para série B e de US$ 49,6 milhões para série C, segundo dados do relatório, que mostra ainda baixa quantidade de startups de saúde alcançando rodadas séries D em diante.

O diretor-executivo da ABSS diz que a maioria das empresas não consegue avançar dos estágios iniciais para as próximas etapas de captação, e, no Brasil, a formação de uma cultura de investimento anjo mais sofisticada é uma dificuldade adicional. “Ainda temos um mercado nascente neste sentido, então é comum ver termos, nos contratos, que limitam a capacidade de captação de novas rodadas”.

O ano de 2024, diz Sakajiri, foi marcado por investimentos em startups já na fase de consolidação de mercado ou de expansão internacional, como a Amigo, que teve aporte de US$ 33 milhões na série B; a Mevo, que teve US$ 20 milhões na mesma série; e a Beep, que teve US$ 17 milhões na série D. Somadas, as empresas representaram “mais de um quarto do total investido na região”, aponta.

Junto com a Escala, que teve aporte de US$ 12 milhões na série A, essas startups brasileiras foram o destino das quatro maiores rodadas de investimento de 2024 na América Latina. O quinto maior aporte foi para a mexicana Eden, com US$ 10 milhões na série A.

Ainda segundo o relatório, 70 startups de IA voltadas à saúde foram mapeadas na América Latina nos últimos cinco anos. Nos últimos dois anos, o percentual de startups de saúde usando a tecnologia na região saiu de 14% para 20%, o que “mostra que esta categoria deve ganhar cada vez mais importância”, afirmam ABSS e Distrito no comunicado.