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SUS avalia novas terapias contra osteoporose

Fonte: A Tarde

A osteoporose é uma doença que afeta 200 milhões de pessoas no mundo, sendo 10 milhões somente no Brasil, segundo a Fundação Internacional da Osteoporose (IOF – International Osteoporosis Foundation). No país, os novos medicamentos para a doença podem otimizar os tratamentos dos pacientes e, com essa evolução, os gestores de saúde buscam uma janela de oportunidade para que essas intervenções sejam incorporadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Os custos hospitalares e não-hospitalares com as fraturas da doença superam os gastos com os novos tratamentos e também com doenças como infarto agudo do miocárdio, Acidente Vascular Cerebral (AVC) e câncer de mama nas mulheres pós-menopausa. Por isso, prevenir a fratura se torna mais efetivo para o governo.

De acordo com João Lindolfo, endocrinologista e presidente do 10º Congresso Brasileiro de Densitometria, Osteoporose e Osteometabolismo (Bradoo), os novos tratamentos precisam ter um custo benefício para serem incorporados na saúde pública e se tornarem mais acessíveis para as pessoas diagnosticadas.

“Tudo ficou muito parado durante essa fase da pandemia, então agora é uma coisa processual, de burocracia. A gente está tentando que o governo absorva essas drogas para osteoporose, mas existem outras indústrias que estão tentando com inúmeras outras especialidades até no medicamento. É uma questão de demonstrar custo-benefício e, a partir de agora, é uma questão de mais perspectiva e tempo, ter o timing certo”, disse o endocrinologista.

A osteoporose é uma doença pouco sintomática, que só é realmente percebida depois de uma fratura de baixo impacto. De acordo com informações da Fundação Internacional da Osteoporose, estima-se que 30% das mulheres venham a ter alguma fratura relacionada à fragilidade óssea após os 50 anos, enquanto esse percentual cai para menos da metade em homens da mesma idade.

Uma atenção especial é direcionada à doença para que os protocolos e as diretrizes de tratamento estejam sempre atualizados, através da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), na regulamentação do que é coberto pelas operadoras de planos de saúde, ou pela CONITEC (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologia no SUS), que determina o que é incluído no SUS. Os profissionais de saúde estabelecem uma classificação de risco para cada paciente ter um tratamento mais direcionado.

Atualmente, há uma avaliação para incorporar o medicamento romosozumabe no tratamento da osteoporose grave em mulheres na pós-menopausa, acima de 70 anos, com muito alto risco de fratura por fragilidade. A Consulta Pública (CP) está aberta à população até o dia 7 de novembro e pode ser encontrada no site do Governo Federal.

A endocrinologista Luciana Leoni, que atua no Centro de Diabetes e Endocrinologia da Bahia (CEDEBA), em Salvador, explicou que os tratamentos com medicamentos mais potentes conseguem prevenir fraturas de uma forma mais impactante, principalmente para os pacientes que perdem grande quantidade de massa óssea.

“A gente está em uma fase de medicações potentes que conseguem prevenir 70% desse risco de fratura e aumenta o risco de morte em 20% das pessoas dentro de um ano e deteriora a qualidade de vida do idoso. No serviço público, não temos disponíveis as medicações mais novas”, contou Luciana.

Prevenção da osteoporose

Cerca de 80% dos pacientes com fraturas por fragilidade óssea não são avaliados e tratados para osteoporose ou para prevenção de quedas com o objetivo de reduzir a incidência de novas fraturas. Por causa dessa falha assistencial, muitas lesões que ocorrem poderiam ter sido evitadas.

É importante que os profissionais de saúde, que atuam na atenção primária e na linha de frente do atendimento, reconheçam os sinais e as características da doença, permitindo uma intervenção rápida e preventiva, diminuindo também a chance de fratura.

“A prevenção deveria começar no pediatra, na infância e na adolescência. É uma alimentação boa, rica em cálcio. Ter alguma atividade física, o sedentarismo atrapalha. Alguma exposição ao sol, a vitamina D. Então, evitar isso já é uma coisa importante para prevenção. Outra coisa, no adulto, é evitar o excesso de bebida alcoólica, o sedentarismo, o tabagismo. São coisas que podem facilitar o aparecimento da osteoporose”, disse o Dr. João Lindolfo.

O impacto da pandemia

A pandemia da Covid-19 também agravou a situação dos pacientes, com o atraso na realização de exames de densitometria e o tratamento daqueles que deixaram de comparecer às consultas. Uma grande parte passou mais tempo em casa, sem fazer também uma atividade física, um dos fatores que também podem agravar a osteoporose.

“O que a gente mais vê no pós-Covid, é que as pessoas ficaram muito tempo sem procurar assistência médica. Então quem tinha já osteoporose diagnosticada, que estava usando seu remedinho certinho, ficou sem ir para o médico por dois ou três anos. Normalmente, é uma doença que acomete pessoas mais velhas, então ficaram protegidos dentro de casa para não pegar a doença e buscavam menos assistência médica”, explicou a endocrinologista Luciana.

“A gente viu o aumento de fraturas e também a não procura de assistência, para ter um acompanhamento maior. A gente perdeu mais tempo no tratamento e para evitar as complicações que a osteoporose traz. A Covid-19 por si só reduz a massa óssea, mas o problema maior foi a falta de acompanhamento médico. Alguns interromperam medicação porque não tinham como buscar nos postos, faltava nos postos”, concluiu.

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